domingo, 29 de setembro de 2013

"Pequenos lixos” tornam-se problemas quando jogados as ruas

Por White Prata


Lideranças do meio ambiente de Vilhena discutem sobre a consciência dos munícipes nas vias públicas e afirmam que é necessário ter uma reeducação da sociedade, pois esse mau hábito já faz parte da vida dos brasileiros.

A situação das lixeiras na praça Nossa senhora e o acúmulo “lixinhos” nas principais avenidas

Observe pelas praças e avenidas do centro de Vilhena, bastam alguns minutos para que se veja pessoas jogando papel de bala, saquinho de picolé, extrato de banco, garrafa pet, e outros descartáveis dos lanches rápidos na rua. Ao questionar algumas pessoas sobre essa atitude, relatam que se deve ao fato de não haver lixeiras instaladas em cada quadra.

O homem está no interior da loja bebendo água num copo descartável. De repente, resolve sair para não se sabe fazer o quê. Pode ser que só queira ver o movimento da rua. Ao terminar de beber a água, joga o copo de plástico no chão. Difícil acreditar que pessoas ainda têm esse tipo de comportamento em dias de tantas campanhas sobre cidadania ambiental.

“A responsabilidade não é minha!” - Muitos cidadãos reclamam que nem todas as quadras de Vilhena têm lixeiras e usam esse argumento para justificar o mau hábito de jogar lixo na rua. Para que esse comportamento seja modificado, Elizangela aconselha que os estabelecimentos comerciais criem cartazes para conscientização. Ela sugere também que as universidades desenvolvam campanhas ambientais, e a comunidade aprenda a se envolver com as questões que precisam ser melhoradas. E critica a ação da Prefeitura. “Na questão de resíduos sólidos, nosso município falha muito. É mais fácil jogar o lixo no chão, transferir a responsabilidade para o outro. É necessário reeducar a população, tanto os pequenos como os grandes.”

O Secretário Municipal do Meio Ambiente, Arlindo de Souza Filho, popularmente conhecido como Nenzão, estudante de Gestão Ambiental, analisa que “a cultura do brasileiro de ser meio relaxado com o meio ambiente não é de agora”. Ele frisa que o papel da SEMMA (Secretaria Municipal do Meio Ambiente) é fiscalizar as outras secretarias e também as empresas, “é uma Secretaria que tem força de polícia”. Como exemplo, o secretário cita empresas que descartam óleo queimado e são vistoriadas pela SEMMA, que avalia se o óleo é eliminado corretamente. Sobre a instalação de lixeiras pela cidade, Nenzão explica que a SEMOSP, Secretária Municipal de Obras e Serviços Públicos, é a responsável.

Por sua vez, a SEMOSP critica a SEMPLAN, Secretaria Municipal de Planejamento, por não ter encaminhado projetos para execução até o momento. O Secretário de Planejamento, Heitor Batista, informa que a SEMOSP é a responsável. Indagado sobre a ausência de projetos, o secretário diz que pretende fazer um levantamento da situação das lixeiras da cidade para aplicar o projeto no próximo semestre. Disse estar ciente de que se trata de uma questão urgente e necessária, porém, sinaliza que leva tempo, embora a prefeitura esteja empenhada. No entanto, agora, “o problema do aterro sanitário e a implantação de coleta seletiva estão em primeiro plano.” Batista acrescenta também que é necessário desenvolver campanhas de conscientização ambiental e ensino da coleta seletiva junto à comunidade.

Transtornos causados pelo lixo - Uma das praças centrais de Vilhena tem praticamente todas as lixeiras destruídas. O gari responsável pela limpeza do local, Thomas Montello, diz, indignado, que os jovens que desfrutam do lugar para lazer não respeitam o espaço. “Vêm aí, fumam as drogas e deixam o lixo deles. Todo dia... Muita gente não tem respeito, não! A lixeira está do lado, mas eles jogam no chão e ainda chutam as lixeiras, arrebentam com elas”, desabafa.

A cidade ainda não tem problemas sérios como de cidades de grande porte. Mesmo assim, na temporada de chuvas, é possível notar o acúmulo de água nas vias públicas. Isso dificulta o trânsito tanto para os veículos quanto para os pedestres, que são obrigados a caminhar pulando as poças d’água. Os prejuízos também se avolumam. O “lixinho” é acarreado para o Pires de Sá, causando assoreamento. O rio já está cheio de resíduos de lixos e não tem área de preservação.

Elisangela C. Hartmann Donadoni, engenheira química e gestora ambiental, explica que essas ações parecem pequenas, na verdade, não são, elas também danificam o
meio ambiente. “O acúmulo de resíduos sólidos nos bueiros provoca inundações porque esses “lixinhos” vão para as bocas de lobo mais próximas através da correnteza”, salienta.
Ação para solução

“Estamos desenvolvendo projetos ambientais nas escolas porque acreditamos que as crianças levam essa mensagem aos pais e também junto às empresas de serviço de monitoramento”, complementa Nenzão, responsável pela SEMMA.

Os projetos são desenvolvidos em algumas escolas municipais e estaduais, como é o exemplo da Escola Municipal Antonio Donadon. A pedagoga Ionice Lima Vilaça relata que, na sala de aula, tem o horário da bagunça e da arrumação. “Eles sempre olham em volta da mesinha para verificar se não tem lixo. Temos também a campanha do meio ambiente. Todos vão para o pátio ver se tem lixo e limpamos juntos. Orientamos para que o trabalho continue em casa e também instruímos os pais para que ensinem as crianças a juntar o próprio lixo em casa. Assim, aprenderão a desenvolver sua responsabilidade na ordem do planeta”, complementa.

Ionice acrescenta ainda que é necessário ter consciência, destacando que, para isso, cada um deve assumir suas responsabilidades. “Se a cidade tem falhas, isso não justifica a pessoa jogar lixo na rua, seja o que for. Acredito que toda ação que a gente vai fazer devemos interiorizar primeiro. Isso é questão de consciência” destaca.

Para que esse comportamento seja modificado, a Gestora Elizangela Donadoni aconselha que os estabelecimentos comerciais criem cartazes para conscientização, as universidades desenvolvam campanhas ambientais, e a comunidade aprenda a se envolver com as questões que precisam ser melhoradas. ”Nosso município na questão de resíduos sólidos falha muito, é mais fácil jogar o lixo no chão, transferir a responsabilidade para o outro, é necessário reeducar a população tantos pequenos com os grandes. Sobre a coleta seletiva a especialista explica que não adianta tê-la se o aterro sanitário não está funcionando ainda, é preciso justificar essa seleção , o porquê separar, é necessário passar por uma triagem, e ainda assim não é só separar seco do molhado. “Precisamos aprender a separar orgânicos, que pode ser feito a compostagem, recicláveis e os que não tem como aproveitar como papel higiênico , absorventes , fraldas” finaliza.

Lixo Zero no RJ - No Rio de Janeiro, foi lançada, no dia 20 de agosto deste ano, a campanha Lixo Zero. De agora em diante, quem for pego lançando detritos no chão será multado. As penalidades serão aplicadas através do CPF da pessoa. Se veículos forem flagrados, a multa segue a placa do carro. O valor varia de acordo com o peso do lixo e pode chegar a 500 reais. No primeiro dia da campanha, mais de 110 pessoas foram multadas no centro da cidade, onde se iniciou a fiscalização.


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