domingo, 29 de setembro de 2013

A dinâmica do mercado local de verduras

Por Erica Petersen
Fotos: Erica Petersen

Por uma larga estrada de mão dupla há pouco molhada pelo caminhão da prefeitura a fim de diminuir as marcas da seca, avista-se um paredão de árvores com um pouco de quiçaça nas redondezas próximo a Universidade Federal. Quem não sabe, não consegue enxergar que ali existe uma grande produção de verduras e legumes que abastecem vários mercados, escolas e restaurantes da cidade.

Alguns metros à frente há uma porteira com um papelão escrito “vende-se verduras”. Gentilmente um garoto de camisa vermelha sentado em uma mesa da velha varanda, puxa uma corda de aproximadamente 100 metros que abre a porteira sem precisar sair do lugar. Ainda assim é preciso andar mais alguns metros adentro para chegar a uma das inúmeras estufas daquela região.

Ao som da rádio Planalto, dona Maria e seu Benedito, lavam 3 carriolas cheias de pés de alfaces que desde as 3h e 30 da manhã foram colhidas por ele.

Benedito de Oliveira Filho, 54, veio do Mato Grosso em 1983. No início trabalhou como servente de pedreiro e roçando junquira, a famosa quiçaça. Há 9 anos trabalha nas 20 estufas de dona Glória e seu Nadir Moreira que funciona desde 1995, juntamente com uma equipe de 9 pessoas. “Aqui a gente planta Alface, cebolinha, rúcula, couve, agrião, repolho, celga e brócolis”, relata.

Preparo do solo - A produção é feita por etapas, primeiro prepara-se a terra com o esterco de galinha, depois planta-se as mudas e por último aplica-se adubo orgânico e preventivo defensivo, o agrotóxico, a fim de prevenir doenças e pragas, como lagartas por exemplo.

O tempo necessário para que um pé de alface esteja pronto para ir á mesa é em média 25 dias, já o ciclo da produção da couve é de até 100 dias, isto é, quando o clima é mais quente e o da rúcula 40 dias. A irrigação é realizada com a água do poço e em aproximadamente 12 horas gotas por gostas molham diariamente as raízes das hortaliças.

O senhor Ronaldo Mineto que é proprietário de 7 estufas, a menor medindo 7m por 44m e a maior 10m por 60m, conta que o processo de irrigação é feito da mesma forma como o das estufas de seu Nadir, porém a água vem do SAAE (Serviço Autônomo de Água e Esgoto) e para a produção utiliza adubo químico.

Uma das sete estufas de seu Ronaldo Mineto

Comercialização - A produção de seu Nadir abastece os grandes mercados da cidade, como os supermercados Pato Branco, Friron e Center Norte. Já seu Ronaldo, que não tem funcionários, trabalha desde a madrugada para às 7h da manhã fazer as entregas de seus produtos aos pequenos mercados e lanchonetes em diferentes pontos da cidade. No total, 14 empresas compram suas verduras.

Além disso, o agricultor tem um contrato anual com a Emater, onde todas as terças-feiras entrega boa parte do que é produzido no dia. Esses produtos são distribuídos entre escolas municipais e estaduais de Vilhena. "A Emater é parceira nossa, mas passa aqui raramente. Quando precisamos de alguma coisa eles nos ajudam." Comenta o seu Ronaldo.

Agronegócio - O agronegócio é um mercado que movimenta a economia brasileira, representando mais de 22% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

De acordo com um estudo realizado em 2011 pela Organização para Cooperação de Desenvolvimento Econômico (OCDE) o Brasil está em destaque entre os países da união europeia e Estados Unidos, no que se refere ao índice de desenvolvimento da produtividade agrícola com um crescimento anual de 3,6%.

Segundo Paulo Firmino da Silva, encarregado do setor de hortifruti do Pato Branco Supermercados, diariamente a empresa recebe em média 800 mil quilos a uma tonelada de legumes e verduras produzidos por agricultores de Vilhena e região que são distribuídos entre os quatro mercados da rede Pato Branco. “Nas terças feiras, chegamos a receber até quatro toneladas, contando com os produtos que vem de outros estados”, comenta.

Paulo afirma que no total são 40 agricultores vilhenenses que vendem suas produções à empresa.
Produção e Projeto

De acordo com a Emater, em Vilhena há 88 agricultores em parceria com o projeto da Companhia Nacional de abastecimento (Conab). Cada agricultor possui um contrato anual de R$ 4.500,00 onde os alimentos produzidos são encaminhados aos órgãos e entidades públicas.

Desta forma pequenos agricultores como o seu Ronaldo, Benedito e dona Maria, ganham seu sustento através da terra, contribuem com o mercado do agronegócio e proporcionam verduras e legumes frescos na mesa de muitos brasileiros.

Dona Maria e seu Benedito chegam a trabalhar mais de 10 horas por dia

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