domingo, 29 de setembro de 2013

Agosto marca início dos incêndios em Vilhena

Por Kellen Melo
Fotos: Edeblandes Ortis

Mesmo com diminuição das queimadas, nuvens de fumaça assustam vilhenenses

Iniciou a estação da seca com diversas queimadas nos arredores do município. Pelo menos cinco casos chamaram a atenção das autoridades no mês de agosto enquanto mais de duzentos focos de calor foram percebidos por satélites de monitoramento.

Incêndios são mais frequentes no mês de agosto

Na última semana de agosto a cidade ficou encoberta com a fumaça oriunda de labaredas de fogo com até cinco metros de altura nas proximidades da escola municipal Clemente Humberto, no setor chacareiro de Vilhena. O fogo perdeu o controle e consumiu plantações, pastagens e árvores de pelo menos três propriedades diferentes.

Na tentativa de extinguir as chamas, os proprietários das terras naquele setor estavam usando as máquinas com implementos agrícolas para fazer uma barreira e evitar que o fogo se alastrasse ainda mais pelo pasto que, devido ao período de estiagem, estava muito seco. Outro produtor soltou várias cabeças de gado na estrada após perceber que a pastagem onde os amimais eram mantidos aprisionados estava em chamas.

Bombeiros, policiais, fiscais da Secretaria de Desenvolvimento Ambiental (Sedam), foram mobilizados para conter as chamas. O prejuízo, a causa e a área destruída serão determinados por investigação de peritos. “São situações que sabemos que ocorrerão, mas não onde”, explica Luiz Gomes, diretor do Escritório Regional de Gestão Ambiental (Erga), da Sedam. “Como na seca a incidência aumenta, ficamos alertas. Geralmente em propriedades às margens das rodovias pontas de cigarro, garrafas de vidro e até o escapamento de caminhões pesados pode causar incêndios. No caso da última quarta- feira, quando aconteceu o maior incêndio do ano em Vilhena, o vento ajudou a espalhar as labaredas”, revela.

Bombeiros mobilizados para conter os focos de incêndio

O Corpo de Bombeiros de Vilhena também atribuiu aos fortes ventos o incêndio de quarta-feira. “As rajadas de vento provocadas pela onda de friagem dos últimos dias é o que provavelmente aumentou o as chamas e propagou a fumaça. Não se sabe o que originou os focos das queimadas, mas neste mês elas costumam tomar grandes proporções e a ventania permitiu um maior consumo da vegetação em algumas
propriedades”, afirma o Comandante do 3º grupamento, Tenente Iranildo Dias.

No meio da fumaça - Moradora da região, Rosângela Taques, 31, dona de casa, contou que a fumaça chegava a aquecer sua casa. “Dava para ver que a fumaça alcançava uma altura muito grande, tive de fechar toda a casa para que não ficasse cheia dela e ainda podia sentir o calor do fogo propagado pela fuligem que até agora ainda está sujando minha casa. Tenho uma filha de pouco mais de um ano e estou ficando com medo de que, se essas queimadas continuarem, ela possa acabar adoecendo gravemente. Além da natureza, o descuido com as chamas prejudica muito as pessoas, não sei por que ainda fazem isso”, conta a mãe de Pietra de pouco mais que um ano.

Foto: Arquivo pessoal

Chamas em números - Dados da Sedam acusam redução no número de incêndios na cidade. Em agosto de 2012 foram contabilizadas 12 queimadas irregulares no município, enquanto até o dia 29 de agosto deste ano, apenas cinco. Redução de 60% que Luiz Gomes acredita conhecer a causa. “Desde o ano passado instalamos a Autorização de Queimadas Controladas. Para utilizar o fogo como forma de limpeza de propriedade já antropizada, área ocupada pelo homem, o produtor deve fazer solicitação à Sedam, comunicar seus vizinhos, autoridades militares, de trânsito e acompanhar a queima. Com essa medida
queremos conscientizar os homens do campo da importância de controlar o uso das queimadas. Acredito que está funcionando”, explica.

Para ajudar a combater a proliferação de incêndios, policiais militares ambientais de Ji- Paraná e Pimenteiras do Oeste vieram em Vilhena neste ano para compor equipe de fiscalização volante em forças tarefa na zona rural. Além disso, palestras em parceria com o Ministério Público, Secretaria Municipal de Agricultura e o Corpo de Bombeiros procuram conscientizar a população dos cuidados necessários para evitar a ocorrência de incêndios. O objetivo é que em 2013 sejam registrados menos casos de fogo do que
no ano anterior, quando a Sedam de Vilhena teve de trabalhar em 72 queimadas e incêndios ilegais.

Através de palestras educativas, advertências, multas, inquéritos e medidas legais os responsáveis pelo meio ambiente e pela segurança da cidade tentam amenizar os efeitos nocivos do fogo contra os vilhenenses. As multas por incêndios criminosos pode chegar a R$ 1 mil por hectare, além de prisão por até seis anos.

Foram identificados 200 pontos de calor pelos satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o qual classifica Vilhena como município em risco crítico de incêndios. Dados da mesma entidade acusam redução no número de focos de calor, que podem ser vários por incêndio, em Rondônia: do dia 1 a 14 de agosto foram observados 595 focos de calor em contraste com os 1.350 de 2012. Queda de mais de
50% na incidência de fogo no Estado.


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